Márcia Peltier: “A gente leva os sentimentos, o que a gente viveu, a nossa alegria, a nossa tristeza, a nossa compaixão”
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Recolhida em Búzios durante dois anos críticos da pandemia, a jornalista Márcia Peltier fez de sua proximidade maior com a natureza um tempo de reflexões diante da perplexidade do mundo em que vivemos. Dessa passagem duradoura, que fez parar todas as vidas e forçou a todos a repensar a importância de viver, surgiu seu décimo livro.
Este, por enquanto, com lançamento on-line pela Amazon, “Os tempos do destino – Reflexões sobre o ciclo da vida e a sabedoria dentro de nós” (Editora Rocco), aborda o poder das nossas escolhas sobre o destino. “Sempre falei com as minhas duas filhas que as pequenas decisões não importam, mas são elas, por vezes, que nos levam a grandes caminhos. Temos que ter a capacidade de entender que todas as escolhas são importantes. Esse livro, vejo como uma inspiração, porque acho que o ser humano tem sempre escolhas a fazer”, reflete a autora sobre destino.
O tempo, para ela, é um maestro em nossas vidas, ensinando resiliência e revelando verdades universais. Márcia buscou em Eclesiastes inspiração para o aprendizado de vida, questões filosóficas. Passagens como “O tempo de aluvião” e “O tempo de meditar” exploram a dor e a superação, enquanto “O tempo do perdão” e “O tempo de sonhar” falam sobre reconciliação e re novação espiritual. A linguagem lírica e as metáforas criam um ambiente de contemplação, tocando em questões universais.
“Escrevi este livro para dialogar com o destino. O destino indomável é nosso maior adversário na conquista de nossos objetivos, seja para nos descobrirmos vencedores ou meros sobreviventes das intempéries que a vida impõe. Mas não somos tão frágeis ou manipuláveis assim”, conta a autora na introdução do livro. O livro aborda as vezes em que nos sentimos impotentes, retomando aqui, Eclesiastes.
A partir do livro filosófico bíblico, que discorre sobre a efemeridade da vida, a jornalista propõe um mergulho profundo na existência humana, na passagem do tempo e nas escolhas e emoções. “O que fazer com algo tão definitivo como a morte? O que quero colocar é que a gente sempre tem a opção de reagir e essa nossa forma de entendimento, de se recompor, é que vai definir o nosso futuro. Eu, por exemplo, perdi minha terceira filha bebê. Senti na pele, senti como é difícil se refazer após uma perda. Então, usei deste momento tão difícil da minha vida para escrever sobre algo que é mais difícil de você suportar e transformar a dor”, relata.
“A força da vida suplanta tudo”, define o sentimento. “A vida é uma dádiva, respirar, olhar, são tantas dádivas, que a gente percebe que não podemos estar aqui sem o coração aber to e o agradecimento por estar viva, mesmo nas maiores dificuldades. Se você está aqui, tem sempre algo a cumprir. Temos que fazer o nosso melhor em tudo, na profissão, nos relacionamentos, em tudo. Somos imperfeitos, mas nossa imperfeição é que nos faz completos. É isso que nos torna melhores. Acredito piamente nisso”, reflete. A jornalista conta que teve muito tempo para escrever. Começou
“Os tempos do destino” em 2020. “De lá pra cá, fiquei tentando entender meu próprio destino, tudo que passei na vida, as mudanças que ocorreram dentro de mim. Tive muito tempo para refletir e continuei escrevendo depois da pandemia. Meus dois anos de passagem por Búzios abriram a minha sensibilidade ao que realmente importa na vida.
O que a gente leva com a gente não são as coisas materiais. A gente leva os sentimentos, o que a gente viveu, a nossa alegria, a nossa tristeza, a nossa compaixão. Essas coisas se apresentam nas nossas vidas em momentos muitos distintos, muito mistura dos. Esse pêndulo, que é a vida, nos leva às vezes para frente, outras nos para, nos faz pensar outro caminho. Isso é que nos dá a capacidade de entender que estamos aqui para aprender em cada passo que a gente dá”, deixa fluir o sentimento. “A gente está sempre se renovando. Estou feliz com o meu momento”, conclui Márcia Peltier. Para uma geração que veio depois dos anos 1980, 1990 e 2000, Márcia Peltier é jornalista e escritora. Começou na televisão com o programa Sem Censura, da TV Edu cativa. Na Rede Globo, foi colunista de cultura do Jornal da Globo, apresentadora do Jornal Hoje e repórter do Fantástico. Como produtora independente, criou e apresentou programas nas redes Manchete, Band e GNT. Foi cronista do Caderno B do Jornal do Brasil e colunista do Jornal do Commercio. Na extinta Rede Manchete, tinha um programa de entrevistas com políticos e foi mediadora de debates com candidatos à Presidência da República.
É autora dos livros Poetica (mente) — vida e sobrevida de um poeta, As garras do mel, As ilhas de Betacam, O que pensam as mulheres?, Todas as coisas visíveis e invisíveis, além de quatro livros infantis. É carioca, mãe de duas filhas e dois netos, casada pela terceira vez, agora com o economista Cláudio Pereira.