No Montê, mixologista aponta conscientização sobre saúde como fator da mudança
Bebidas não alcoólicas ganham espaço em bares e restaurantes da capital mineira
Cada vez mais presentes em bares e restaurantes de Belo Horizonte, as opções de bebidas sem álcool acompanham um movimento global de consumo consciente. Seguindo a tendência de diversas cidades, a capital mineira vê crescer a oferta de drinques e alternativas sem teor alcoólico, refletindo a mudança de hábitos.
Esse fenômeno dialoga com iniciativas globais, como o movimento conhecido por Dry January (Janeiro Seco, em português), que surgiu em 2013 com o objetivo de conscientizar a população sobre os impactos do álcool na saúde. O projeto incentiva que, durante o mês de janeiro, as pessoas deixem de consumir bebidas alcoólicas e reflitam sobre seus hábitos. Com o tempo, a ideia ganhou popularidade e se tornou um fenômeno mundial.
Nesse contexto, Alexandre Loureiro, mixologista dos estabelecimentos belo-horizontinos Cabernet Butiquim e Rex Bibendi, afirma que de fato tem observado uma mudança significativa no consumo de bebidas: “A demanda por opções não alcoólicas tem crescido bastante, e acredito que a tendências seja um reflexo direto das mudanças nos hábitos de consumo.
Muitas pessoas estão repensando o consumo de álcool, seja por questões de saúde, bem-estar ou simplesmente por preferirem alternativas mais leves e equilibradas. Isso abriu espaço para uma nova categoria de bebidas que vai muito além dos refrigerantes e sucos tradicionais”. Segundo o especialista, opções como sodas, fermentados, chás especiais, sucos prensados a frio e infusões autorais estão ganhando cada vez mais protagonismo em bares e restaurantes.
Sob a curadoria de Alexandre, o Cabernet Butiquim é um exemplo de estabelecimento belo-horizontino que tem ampliado a variedade de bebidas. No cardápio, destacam-se os drinques Fake Love, que combina soda de gengibre, limão, mel e espuma de gengibre, e o Boca de Groselha, uma mescla de soda de frutas negras, limão siciliano e espuma de baunilha.
Já no restaurante Rex Bibendi, Alexandre aposta em ideias como a Soda Botânica, criação que combina cordial de raízes vetiver, pimentas brancas, folha de limoeiro, mix cítrico e especiarias. Vitor Moretti, sócio e mixologista do restaurante Seu Bias, concorda que atualmente não é mais possível pensar em um cardápio sem bebidas não alcóolicas: “Hoje, conseguimos tomar um drink sem álcool com o mesmo peso cultural, gastronômico e estrutural de sabores de um bom coquetel alcoólico”.
O especialista reforça que, em bora combinações mais clássicas façam muito sucesso, ainda assim há espaço para a inovação: “Misturas de vegetais e hortaliças, por exemplo, podem trazer aromas interessantes para os coquetéis”. Dessa maneira, os cardápios desses estabelecimentos têm se tornado cada vez mais diversificados e inclusivos.

PREOCUPAÇÃO COM A SAÚDE E MUDANÇA SOCIAL
Uma mudança importante associada à popularização das bebidas sem álcool diz respeito à desconstrução da ideia de que é necessário consumir álcool para socializar. Durante muito tempo, quem optava por não beber em eventos ou encontros sociais podia sentir-se deslocado. Atualmente, com a variedade de opções dispo níveis, é possível interagir sem a necessidade de comprometer escolhas pessoais ou de saúde.
Nesse sentido, Alexandre Loureiro destaca que essa inclusão torna o ambiente do restaurante mais democrático: “Há a necessidade de atender a um público mais amplo – motoristas, grávidas, atletas e pessoas que não consomem álcool por escolha ou restrições diversas”, ressalta. Para Lucas Mendes, mixologista do restaurante Montê, o consumo dessas alternativas tem sido favorecido por uma conscientização crescente sobre a saúde: “Dessa maneira, a indústria de bebidas está respondendo com a criação de novas marcas e produtos, oferecendo opções mais variadas para os consumidores”. O especialista em bebidas Johny Mendonça, responsável pelas criações do restaurante Tatu Bola, compartilha dessa mesma opinião e acrescenta que parte do público busca alternativas sem álcool e também sem açúcar: “Essa é a combinação perfeita para muitos que estão preocupados com a saúde”.
A aceitação cultural tem sido impulsionada especialmente por gerações mais jovens, já que estudos – como um publicado pelo instituto estadunidense Gallup, em 2023 – indicam que os millennials e a geração Z consomem menos álcool do que as gerações anteriores, priorizando alternativas que ofereçam mais benefícios ao bem-estar. No entanto, Victor Moretti observa que atual mente a mudança parece ter sido incorporada por pessoas de diferentes faixas etárias: “A geração mais jovem realmente não tem o hábito de consumir álcool em grande quantidade, e observamos também que até a geração anterior tem reduzido o consumo”.
Dessa maneira, é possível perceber que a preocupação com a saúde e o bem-estar tem se expandido para diferentes parcelas da população, refletindo uma mudança cultural significativa. No que diz respeito aos impactos dessa tendência para a saúde, é válido ressaltar que o consumo excessivo de álcool está diretamente relacionado a complicações médicas, especialmente as que afetam o fígado e o sistema cardiovascular. Sabe-se que o impacto na qualidade do sono, no metabolismo e no sistema imunológico também é significativo, o que reforça a importância do consumo consciente. Nesse sentido, a mudança de comportamento reflete também uma reavaliação dos hábitos sociais, destacando a importância de escolhas mais equilibradas.
SERVIÇOS
Cabernet Butiquim
– Garagem do Cab Rua Levindo Lopes, 22
– Savassi @cabernetbutiquim Rex Bibendi R. Antônio de Albuquerque, 917
– Funcionários @orexbibendi Seu Bias Av. Bias Fortes, 161
– Lourdes Montê Bar
– Restaurante Praça Rui Barbosa, 104, Centro @montebh Tatu Bola Av. do Contorno, 6557
– Savassi | Av. Fleming, 152
– Ouro Preto @tatubola.baR