Educação

Virando gente

Virando gente

Foto de Nila Racigan: www.pexels.com

 

 

              O bebê humano nasce em tal estado de imaturidade que necessitará de ser cuidado por muitos anos apenas para poder sobreviver.

               É na lida com o entorno que lhe dispensa os cuidados vitais que terá início o prolongado processo de aquisição de inúmeras funções que se põe em marcha e que, por sua vez, demanda o sucessivo amadurecimento da base fisiológica com que o recém-nascido veio dotado.

               A estruturação de seu psiquismo tem início no seio de suas relações primárias, notoriamente com a mãe – entendida como quem dele cuida nos primeiros anos de vida (a “função mãe” podendo ser encarnada por diferentes pessoas, dependendo das circunstâncias singulares que rodeiam cada um, mas geralmente repousando sobre a figura da mãe biológica, cujo psiquismo foi sendo preparado ao longo da gestação para capacitá-la para tão importante encargo).

               Se os primeiros anos de vida são importantes para a construção do futuro arcabouço do ser humano em formação, a qualidade das relações primárias será sua essência e seu molde. São as trocas afetivas que darão a forma final ao que o aparato biológico apenas permite.

               O que falta à criança é compensado e/ou fornecido por quem providencia a satisfação de suas necessidades físicas e emocionais. As potencialidades do bebê vão se atualizando pouco a pouco e por muito tempo seu crescimento e evolução ainda continuarão dependentes do progressivo desdobramento e da ampliação de suas interações sociais. Certas funções cerebrais e mentais refinadas só se completarão no finalzinho do desenvolvimento, no início da idade adulta.

              Algumas tantas vezes a vida do recém-nascido poderá ser perturbada por acontecimentos independentes do controle de sua família. Situações imponderáveis podem prejudicar o curso de seu crescimento: doenças graves que transtornem o clima de tranquilidade desejável; situações traumáticas que atinjam a família nesse período crítico. A lista de desafios possíveis é enorme. Alguns deles, evitáveis; outros, não.

             Para nos tornarmos humanos precisamos que outros humanos nos mostrem o caminho. A disponibilidade afetiva deles será indispensável para nutrir em nós a capacidade de construir vínculos de amor, característica maior de nossa humanidade. A eles devemos nossa eterna gratidão.

Compartilhe