Comportamento

Sobre a intolerância

VB ED276 FEVEREIRO 24 sobre a intolerancia

Imagem de G.C. por Pixabay

 
Freud  parte da comparação que Schopenhauer faz com os porcos-espinhos, que não podem tolerar a proximidade com o próximo.

 

         Um grupo de porcos-espinhos apinhou-se apertadamente em certo dia frio de inverno, de maneira a aproveitarem o calor uns dos outros e, assim, salvarem-se da morte por congelamento. Logo, porém, sentiram os espinhos uns dos outros, coisa que os levou a se separarem novamente. E depois, quando a necessidade de aquecimento os aproximou, mais uma vez, o segundo mal surgiu novamente. Dessa maneira, foram impulsionados, para trás e para frente, de um problema para o outro, até descobrirem uma distância intermediária, na qual podiam mais toleravelmente coexistir.

         Poderíamos citar inúmeras situações que povoam nosso mundo tão cheio de preconceitos, segregações, intolerâncias e radicalismos. Não basta um discurso moral ou pedagógico para evitar e impedir que esse campo do humano irrompa e retorne como força bruta e primitiva por meio de horrores que nos assombram. Também não me contento em constatar que é assim e pronto.

 

Poderíamos citar inúmeras situações que povoam nosso mundo tão cheio de preconceitos, segregações, intolerâncias

 

        Isso me faz lembrar da peça teatral É, de Millôr Fernandes, que estreou em 1977. Após toda a encenação de conflitos inerentes às relações humanas, a peça termina com uma óbvia conclusão: É…

Não vou terminar este artigo da mesma forma. Vou deixá-los com três questões, parafraseando três perguntas kantianas retomadas por Lacan:

 > O que posso saber?

Só aquilo que consigo expressar pela linguagem, e é impossível dizer toda a verdade.

> O que devo fazer?

Não há nada a fazer, senão expressar da melhor maneira possível, permitindo que se abra espaço para questões e, portanto, para novas ideias. O mundo parece transbordar de tantas informações inúteis.

> O que posso esperar?

Considerando a esperança sem objeto, espere o que desejar.

 

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