Valéria Lúcia
Em larga expansão: mercado pet
Foto:Divulgação
Pesquisa da Fecomércio-MG confirma crescimento do setor e diversificação do mix de produtos e serviços
No Brasil e em diversos países, os pets têm conquistado um lugar especial e definitivo na vida das pessoas, tornando-se membros queridos das famílias. A maioria das pessoas busca, na convivência com seus pets, ter laços emocionais saudáveis, como carinho, alegria e companhia. Consequentemente, a demanda e o investimento em serviços e produtos no diversificado mundo pet têm crescido exponencialmente. Este mercado, em franca expansão, reflete um segmento que evolui e cresce rapidamente, atraindo investimentos significativos dos tutores em alimentação, saúde, creche, banho e tosa, beleza, transporte, diversão e cuidados variados.
Em Minas Gerais, o crescimento é impulsionado pela crescente digitalização dos negócios e pela adaptação aos novos padrões de consumo De acordo com IPB (Instituto Pet Brasil), em 2023 o faturamento do mercado pet no país foi de, aproximadamente, R$ 68 bilhões, apresentando um crescimento de 14,2% se comparado ao ano anterior. Em relação ao PIB, a participação desse mercado em 2023 foi de 0,36%. Em 2020, havia 81.540 empregos formais no mercado Pet no Brasil – representando 0,29% do setor terciário no período, porém esse número, no momento (2024), chegou a 107.085 (0,33% do setor). Em Minas Gerais, essa tendência de crescimento se repete – saindo de 9.037 empregos formais em 2020 para 11.738 em 2024.
Recentes acontecimentos no país ilustram bem a importância dos pets na sociedade, como o caso do cão Joca, que morreu após uma longa e exaustiva viagem aérea sem a estrutura adequada, e as imagens de resgate de animais durante as enchentes no Rio Grande do Sul, que geraram grande comoção e mobilização. A coordenadora de medicina veterinária da Estácio Juiz de Fora, Patrícia Sartori, vê com satisfação o que ela chama de uma verdadeira revolução no setor, mas expressa preocupação com a falta de acompanhamento profissional e regulação das atividades.
Segundo Patrícia, apesar das leis Sansão e de Crimes Ambientais, ainda existem petshops, clínicas e outras empresas do ramo de serviços e produtos atuando no mercado sem a presença formal de um médico veterinário para garantir o bem-estar dos animais em todos os processos. Para ela, as relações de afeto e proximidade entre os seres humanos e não humanos permitiram a constituição das chamadas famílias multiespécies e seus tutores buscam oferecer a eles mais conforto e qualidade de vida. “E isso requisita dos órgãos responsáveis e empresas prestadoras de serviços a devida atenção para manter a integridade física e emocional desses seres vivos. Os animais precisam de legislações compatíveis com suas necessidades. Acredito que uma população mais consciente pode cobrar dos órgãos responsáveis atitudes perante casos de negligência, maus tratos e abandono”, afirma Sartori.
Em 2023, o faturamento do mercado pet no país foi de, aproximadamente, R$ 68 bilhões, apresentando um crescimento de 14,2% se comparado ao ano anterior
Recente Pesquisa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio MG) desenha um cenário do mercado pet em Minas Gerais. “Com a relação entre humanos e pets em constante transformação, o investimento no bem-estar dos animais de estimação está crescendo e segundo 67,2% dos petshops, o gasto médio dos clientes varia de R$ 25,00 a R$ 100,00 “, destaca a economista da Fe[1]comércio MG, Gabriela Martins. O segmento pet possuía em 2019, ano anterior a pandemia, 4.647 empresas formais. Em 2022, este número passou para 5.133 estabelecimentos, um crescimento de 10,46%. Segundo o levantamento, os petshops têm ampliado seu mix de produtos e serviços e entre os mais buscados estão os alimentícios (57,2%); medicinais (33,7%); acessórios para o animal (31,8); higiene (28,9%) e vestimentas (6,4%). Já entre os serviços estão banho e tosa (70,2%); transporte (34,3%); hospedagem (5,4%); passeador de cães (3,5%) e adestramento (1,2%).
Em relação aos serviços veterinários, 34,5% dos petshops possuem este tipo de atendimento, dos quais 29,8% atendem a todos os tipos de animais. “Há também a oferta de planos de saúde para os pets, que é oferecida por 1,1% dos petshops mineiros. Apesar de ainda pequeno, esse mercado segue em expansão”, informa Gabriela Martins. “Diante de todo esse cenário é fundamental uma ação conjunta de entidades que regulamentam e fiscalizam o exercício da profissão de médicos veterinários e zootecnistas, junto a órgãos de vigilância sanitária e o Procon, para zelar pela saúde e bem-estar dos animais”, conclui Sartori.