É possível conhecer detalhes históricos e características arquitetônicas do edifício construído em 1897.
Uma visita ao Palácio da Liberdade é um programa bem interessante para se fazer com a família ou até mesmo sozinho. Cheio de história da política mineira e da arquitetura,
o espaço reserva mais uma atração ao visitante, que pode acompanhar os trabalhos de restauração que estão sendo realizados no imóvel.
O Ateliê de Restauração Aberto do Palácio da Liberdade já está em funcionamento e permite ao público ver de perto cada etapa do processo de restauro do equipamento, que já funcionou como sede do Executivo mineiro e, hoje, integra o Circuito Liberdade, centro de lazer e cultura da capital.
A iniciativa inédita do Governo de Minas pretende atrair pessoas para conhecer de perto o trabalho de restauração, compreender as características e a história do prédio, que se mantém de portas abertas há mais de um século.
Até o mês de julho, o Palácio da Liberdade recebeu mais de 130 mil visitantes, número cerca de seis vezes maior que o público total registrado em 2022. O espaço é gerido pela Fundação Clóvis Salgado (FCS), vinculada à Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult).
Para visitar o ateliê aberto, basta acompanhar o horário de programação das visitas ao Palácio da Liberdade, não sendo necessário agendar.
Conservação e restauro
A diretora de Conservação e Restauração do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG), a arquiteta e urbanista Luciane Resende, ressalta que o projeto tem um caráter educativo, contribuindo, assim, para a formação do público e de técnicos, além de fortalecer a necessidade de se conservar os patrimônios culturais.
“Os visitantes poderão presenciar todas as etapas do restauro, desde a preparação das superfícies até a finalização. O objetivo é conscientizar a população para a proteção e a importância do nosso patrimônio, das complexidades que envolvem manter nossos bens, para o conhecimento e usufruto das futuras gerações”, completa Luciane.
Parceria
A restauração do Palácio da Liberdade é fruto da parceria entre o Governo de Minas e o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), por meio da Plataforma Semente.
A dinâmica contempla projetos que atuam na defesa e na preservação do meio ambiente natural, cultural e urbanístico, direcionando recursos de medidas compensatórias ambientais.
Para as intervenções no Palácio da Liberdade, localizado na Praça da Liberdade, foram disponibilizados cerca de R$ 10 milhões.
O coordenador do Centro de Apoio Operacional do Meio Ambiente do Ministério Público de Minas Gerais (Caoma), Carlos Eduardo Ferreira Pinto, ressalta a relação próxima entre patrimônio e meio ambiente.
“O patrimônio cultural faz parte do nosso meio ambiente. E a restauração de um palácio, que representa tanto a cultura mineira, que guarda a história do estado, é um retorno que damos à comunidade”, reforça.
As obras são realizadas pelo Instituto Biapó, com coordenação e acompanhamento técnico do Iepha-MG.
A instituição, semanalmente, se reúne com a Diretoria de Patrimônio Cultural da Prefeitura de Belo Horizonte e a equipe técnica à frente da execução do restauro para definir as etapas de trabalho.
Testes
Também são realizados testes para determinar qual será o procedimento e os materiais adotados. Os resultados são fotografados, relatados e colocados em ata. A arquiteta Myrella Gonçalves Dias Lage detalha como funciona esse método.
“Nossas diretrizes se baseiam frequentemente no corpo de prova, que é um teste para determinar qual a melhor técnica a ser adotada. Se queremos escolher massa de recomposição para elemento pétreo, por exemplo, passamos várias camadas em tijolos e os deixamos no mesmo lugar da parede onde queremos restaurar. A partir disso, observamos como o material se comporta com chuva, calor, vento. Vemos qual trincou, qual foi o mais resistente, e escolhemos o melhor material para cada área”, explica Myrella.
Técnicas e materiais também são decididos a partir do que ditam as cartas de restauro, normatizações sobre cada tipo de bem tombado, e o documento de tombamento do próprio bem. O Palácio da Liberdade foi tombado pelo Estado a partir do Decreto 16.956, de 1975.
“A restauração do Palácio da Liberdade é um presente que a cidade está ganhando. Este espaço tem muita história, e a restauração aberta traz as pessoas para um mundo ainda mais minucioso. Podemos ver cada parede, cada piso, cada elemento artístico em seu mínimo detalhe, e isso torna a visitação ainda mais rica”, acrescenta a arquiteta.
Proximidade
Durante o Ateliê de Restauração Aberto do Palácio da Liberdade, o público pode se aproximar e fazer perguntas aos profissionais. “No restauro de corrimões e rodapés, por exemplo, o público pode chegar bem perto dos técnicos. Quando há andaime, existe algum risco. Nesse caso, a faixa é colocada de maneira a criar uma área de isolamento embaixo”, explica Wagner Matias de Sousa, responsável pelas obras e coordenador da parte de restauro artística.
A iniciativa tem sido elogiada por visitantes, como o professor Osvaldo Petreti, que visitou a oficina no dia 1º/11. “Acho fantástico poder ver o processo de restauração do Palácio da Liberdade. Como visitante e apreciador da arte, posso ver que tudo está sendo feito com respeito e aplicado de maneira correta”, frisa Petreti.
O secretário de Estado de Cultura e Turismo, Leônidas de Oliveira, comemora a realização do Ateliê Aberto. “Muitas pessoas nos perguntaram: o palácio vai fechar? E podemos dizer com segurança que ele continuará de portas abertas, e o público poderá continuar vindo, e agora, pode aprender ainda mais sobre a história desse espaço e das obras de arte que ele abriga”, sublinha Oliveira.
“Além das ações no prédio em si, também será restaurado parte do mobiliário, e tudo isso será mostrado cotidianamente. O nosso objetivo é receber as pessoas, especialmente os estudantes, para que possam acompanhar os processos e também terem um momento para conversar sobre a história de Minas Gerais”, conclui o secretário.