Gestão

Decisão acertada

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Foto:Tião Mourão

 
Gustavo Werneck, CEO da Gerdau, destaca importância da operação
da empresa nos EUA para reduzir o risco e destaca investimentos no social

 

Uma das empresas mais antigas instaladas no Brasil, a Gerdau, tomou a decisão de ampliar a sua atuação para outros países. Uma das suas apostas foi a de se instalar nos Estados Unidos. Decisão que ao longo dos anos vem se mostrando acertada, mas com a crise entre Brasil e Estados Unidos, com o tarifaço imposto pelo governo de Donald Trump, ela se mostra estratégica.

O CEO da Gerdau, o mineiro Gustavo Werneck, ressalta que, desde o primeiro governo Trump, já foi possível conhecer o seu modo de pensar e de administrar. A declaração foi durante a sua participação no Conexão Empresarial, evento promovido pela VB Comunicação, revista Viver Brasil, Blogdopco e jornal o Tempo, no Centro de Referência do Queijo Artesanal, no Espaço 356. “A decisão de 40 anos atrás de a gente ir para os Estados Unidos e começar a operar localmente, no sentido de mitigar ou reduzir um pouco o risco de estar só num país como o Brasil ou só na América Latina, vem se demonstrando acerta da.

O fato de termos hoje, uma operação muito sólida nos Estados Unidos, com receita em dólar, com o aumento do consumo de aço, nos ajuda muito”, destacou Werneck. Ele ressalta, no entanto, que o Brasil sempre foi um país neutro e sempre manteve boas relações internacionais. Isso aconteceu no primeiro governo de Donald Trump, quando Paulo Guedes era o ministro da Economia, e continuou mesmo com a mudança de governo, quando as sumiu o democrata Joe Biden.

Nas conversas que mantém com outros empresários ligados à produção de aço e da mineração, o entendimento é o de que o Brasil tem boas oportunidade de realizar parcerias com o governo dos Estados Unidos. Uma delas está na indústria naval que, para os norte-americanos, seria uma boa alternativa para modernizar o seu sistema a partir do aço brasileiro.

Mesmo com o clima tenso entre os dois países, Gustavo Werneck disse ter ficado feliz de ouvir vozes no governo e entre os empresários dispostas a pacificar os ânimos em uma disputa que ele considera “desnecessária” em que o governo brasileiro se envolveu. Em sua palestra no Conexão Empresarial, Gustavo Werneck lembrou das origens da Gerdau, que nasceu no Rio Grande do Sul, mas que se tornou uma empresa mineira de coração, e é em Minas Gerais que está a sua principal atividade no Brasil e onde mantém os investimentos de R$ 6 bilhões ao ano.

Mas ressaltou as dificuldades enfrentadas pela indústria do aço no Brasil com a entrada da China no setor, com “um produto subsidiado pelo governo central com preço muito baixo”. “A gente vê que no Brasil, tem aço chegando nos nossos portos com um preço mais barato, bem menor do que o minério que o Brasil vende para lá”, constata. Essa situação desanima o setor, que paga cerca de 30% de tributos federais e vê entrar no país um produto sem nenhuma fiscalização por parte do governo.

O resultado é a diminuição dos investimentos e o enfraquecimento da indústria nacional. Outro ponto defendido por ele é a humanização das empresas. Para ele, o CEO precisa ser o facilitador das transformações que a empresa precisa fazer, sempre com o olhar para o “lado humano e com uma preocupação social”. Ele disse ter ficado chocado quando viu uma pesquisa há alguns anos em que a população via os empresários de forma negativa.

Essa visão mudou e hoje eles são vistos como agentes trans formadores da sociedade e que trazem desenvolvimento para o país e isso é muito importante porque a Gerdau, por exemplo, investe muito no social.

A empresa, segundo Werneck tem contribuído em várias frentes, inclusive com empréstimos subsidiados para que as pessoas possam viver em moradias aceitáveis. Ele também ressalta sua preocupação com o aumento da população de rua, que em São Paulo passa de 80 mil pessoas. Em Belo Horizonte são mais de 14 mil pessoas nessas condições.

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