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Esta frase me ocorreu no decorrer de uma conversa informal com minha filha, a poeta e escritora Paula Vaz, quando ela me contava que havia ido num chá de lingerie. Logo me veio uma lembrança antiga: Antes era chá de panela!
Tal constatação confirma que as coisas mudaram para as mulheres! Graça a elas próprias, que conseguiram se libertar do significante panela e deslizar para outro mais erótico e charmoso, lingerie.
Lembrei-me da brincadeira em que a noiva fechava os olhos para adivinhar que objeto da cozinha era aquele que ela ganhara de presente. É… tinha de fechar os olhos mesmo para o que vinha pela frente. Enfim…
Paralelamente, os homens tinham as despedidas de solteiro que sabe-se lá o que acontecia. Rsrs
As mudanças culturais se mostram pelo deslizamento e descolagem daqueles significantes que marcaram a posição e o lugar das mulheres durante tanto tempo.
Nada contra as panelas, mas nada mais significativo do que aquela despedida receber este nome. Despedida! Esta é a palavra! Com tudo que ela possa evocar.
As posições e lugares circulam e se renovam pela queda das armaduras que impõem um aprisionamento a papéis que se tornam verdadeiras prisões.
Quero destacar aqui que o feminino não está nem no significante panela nem na lingerie, e sim, no intervalo entre um significante e outro, naquilo que nos liberta dos sentidos e dos papéis exigidos pela sociedade.