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Em busca da verdade

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Serafim Jardim espera avançar na investigação

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Quase 50 anos após morte de JK, circunstâncias do acidente ainda não foram explicadas

 

Quem matou JK? A pergunta está há 50 anos à espera de resposta. Juscelino Kubitschek entrou para a história por transformar, avançando 50 anos em cinco. Ele construiu Brasília, transferindo a capital do Brasil para o Planalto Central. Investiu no desenvolvimento da infraestrutura, construiu estradas e promoveu uma revolução no interior do país, em especial no Centro-Oeste. Seu legado foi construído em seu governo de 1956 a 1961, tempo suficiente para modernizar o país e colocá-lo como uma potência na América do Sul.

Sua morte, cercada de mistérios, aconteceu durante a ditadura militar e ainda não foi devida mente explicada, segundo um dos seus amigos e uma espécie de secretário particular, Serafim Jardim, que dedicou parte dos seus 90 anos para tentar desvendar o que aconteceu no dia 22 de agosto de 1976, quando Juscelino e seu motorista Geraldo Ribeiro, deixaram o hotel fazenda, em Resende, no Rio de Janeiro, onde ficaram por menos de uma hora, para três minutos depois morrerem em um acidente na Via Dutra.

No ano que vem, quando completará 50 anos da morte de JK, Serafim Jardim espera avançar nessa investigação para provar que Juscelino foi assassinado. Ele lembra que, um ano antes do acidente que tirou a vida do ex-presidente, houve um boato no meio político de que o ex-presidente tinha morrido em um acidente. Na época, Juscelino estava em uma fazenda no interior de Goiás e, após tomar conhecimento do que estava acontecendo, entrou em contato com Serafim para garantir que estava vivo e bem. O inquérito policial registrou que o motorista Geraldo Ribeiro teria perdido o controle do veículo em uma curva, batendo de frente em uma carreta.

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Mas não havia uma carreta no local indicado, e o motorista do ônibus que teria presenciado o acidente, relatou não ter visto nenhuma colisão e também negou que o carro tenha batido no ônibus. Outro fato que aumenta as suspeitas de Serafim Jardim, foi o depoimento do guardador de carros no hotel fazenda, que relatou que Geral do, o motorista de JK, teria percebido que havia algo diferente no veículo e perguntou se alguém tinha mexido no carro.

Não foi feita uma perícia no automóvel, mas, com a ajuda do jornalista Ivo Patarro, em uma consulta em uma oficina mecânica, levantou-se a hipótese de que tenha havido corte do “conduíte” do Opala, fazendo com que ele perdesse o freio de um lado, causando o descontrole na curva. Além disso, Serafim Jardim disse que muitas das pessoas que estavam no ônibus, inclusive uma com comportamento suspeito, não foram ouvidas pela polícia.

Foi uma série de erros na investigação do acidente na época que aumentaram a suspeita de que tenha acontecido algum fato criminoso. Mas Serafim Jardim só conseguiu reabrir o caso após o regime militar, em 1996. Ele buscou a ajuda do advogado Paulo Castelo Branco, após a recusa do ministro da Justiça no governo de Fernando Henrique Cardoso, Nelson Jobim, de determinar a reabertura das investigações. Se juntou aos dois o perito criminal Alberto Carlos de Minas e foram os três para Resende para pedir vistas ao processo na Justiça do estado e, enfim, conseguiram reabrir. Esse trabalho resultou no seu livro Onde está a verdade, escrito com a ajuda dos jornalistas Luiz Carlos Bernardes e Orlando Leite.

Na publicação, foram reunidos os documentos coletados por eles e que depois serviram de base para o trabalho investigativo realizado na Câmara Federal, quando a filha de JK, Márcia Kubitschek, eleita deputada federal, conseguiu, junto com o também deputado Paulo Octávio, a criação de uma Comissão Externa para investigar a morte de JK. A Comissão da Verdade Vladimir Herzog, da Câmara Municipal de São Paulo, também fez uma investigação. No relatório apresentado em 2013, chegou-se à conclusão de que Juscelino Kubitschek foi vítima de uma conspiração durante o período militar e sua morte teria sido planejada.

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Em depoimento na comissão, o motorista do ônibus que presenciou o acidente, Josias Nunes de Oliveira, contou que o Opala de Juscelino surgiu pela direita do ônibus, ultrapassando-o em velo cidade excessiva e com manobra arriscada, descontrolado e desgovernado.

Laudos de perícia do carro e dos corpos de JK e Geraldo tinham indícios de alteração e, durante a exumação da ossada, o perito viu um furo no crânio de Ribeiro, com características de perfuração por projétil. Serafim Jardim conta que, durante o período militar, Juscelino, após deixar a Presidência da República, foi eleito senador pelo estado de Goiás, mas foi perseguido e teve seus direitos políticos cassados em 1964.Ele se exilou em Lisboa e, ao retornar ao Brasil, foi preso, em 1967. Ele ficou isolado, mas foi avisado por um dos soldados responsáveis por vigiá-lo que existia um buraco na cela e que ele era monitorado o tempo todo.

Outro fato que causa estranhamento, segundo Serafim Jardim, é que além de JK, outros dois líderes políticos importantes, João Goulart e Carlos Lacerda, morreram em circunstâncias ainda não devidamente explicadas. Para Serafim Jardim, o ex-presidente Juscelino Kubitschek deixou sua marca como um dos principais políticos brasileiros e continua como uma das maiores referências, sendo copiado e reverenciado. Serafim preside o Museu Casa de Juscelino, em Diamantina, e garante que seguirá lutando pela verdade.

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