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A história está repleta de sangue e de corpos mutilados. A mitologia nos mostra que, para os deuses, a violência era um método para alcançar seus objetivos e impor a própria vontade. A violência estava presente no cotidiano das relações sociais.
O teatro da crueldade ocorria em praças públicas, por meio das lutas entres gladiadores, das mortes pela espada, de pessoas queimadas na fogueira ou lançadas a animais ferozes como alimento. Isso não ocorria apenas para divertir as massas ou satis fazer seus instintos agressivos.
Havia razões políticas em que o poder do soberano entrava em cena e a violência pela força consistia em insígnia de poder. Talvez essa violência tenha se tornado menos visível por um curto tempo. Mas o avanço dos meios de comunicação trouxe de volta a visibilidade desse teatro da crueldade.
A violência viral e a cibernética trazem o horror das guerras, dos crimes, da violência urbana e geopolítica de forma aparentemente distante, porém direta e invasiva. O armamento atômico segue a economia arcaica da violência. Seu potencial destrutivo é acumulado gerando sentimento de poder tal como nas sociedades arcaicas em que a força impunha o poder. Assim como jorra o sangue, flui o dinheiro. Será que realmente evoluímos?
O AVANÇO DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO TROUXE DE VOLTA A VISIBILIDADE DESSE TEATRO DA CRUELDADE
Num contraponto a este pesado tema, surge o poeta Mário Quintana, que confere à poesia o dom de dominar monstros: “É verdade que na Ilíada não havia tantos heróis como na guerra do Paraguai… Mas eram bem falantes e todos os seus gestos eram ritmados como num balé… Fora do ritmo só há danação. Fora da poesia não há salvação…
Dança, pois, teu desespero, dança tua miséria, teus arrebatamentos, teus júbilos. Dança como Davi diante da tua cova. Dança, encantado dominador de monstros, tirano das esfinges, dança, Poeta.