Fonte: flickr.com – COP28 venue, Dubai 2023. Hanae Takahashi, Friends of the Earth Japan.
Você está no 23o andar sofrendo com o calor do incêndio nos andares mais baixos do seu prédio. Ao invés de descer correndo, você sobe para pegar sua segunda barra de ouro. Quando você tentou vender a primeira, soube que era falsa e não melhorou seu padrão de vida. Há razões para desconfiar da segunda. O fogo alastrando e ainda assim você sobe?
A Nigéria extrai petróleo desde 1957; no Irã, o petróleo jorra há mais de século e, no Brasil, há décadas. Hoje, a Nigéria tem a segunda maior população de miseráveis do mundo, atrás apenas da Índia! Segundo agência da ONU, lá “há severas necessidades humanitárias causadas pela pobreza, falta de acesso a serviços básicos, fraca aplicação das leis, insegurança e criminalidade generalizadas, e (causada também) pelos impactos das mudanças climáticas”. No Irã, país com renda menos concentrada que o Brasil, 30% da população vive com menos de US$ 7,00/dia! No Brasil, basta olhar as ruas! Daí, onde está a bonança que o venenoso e pegajoso líquido traria?
A COP28 foi sequestrada pela indústria extratora de petróleo e gás – cujos lobistas formaram a segunda maior delegação, atrás apenas da brasileira – a ponto de ser presidida por um negacionista, dirigente da Petrobrás deles lá, a ADNOC. Esta empresa anunciou, em plena COP28, que ampliará sua extração do veneno para se tornar a segunda maior exportadora do líquido! Ou seja, vai botar ainda mais gasolina no prédio em chamas!
Enquanto isso, iludidos pela crença, difundida pelos poucos que ganham fortunas, de que extrair e vender petróleo melhora a qualidade de vida da população – crença infundada, como atesta a miséria que afeta nigerianos, iranianos, brasileiros e outros; os noruegueses já eram ricos quando descobriram reservas – alguns insistem em alimentar o fogo!
Mais uma vez, a barra de ouro no andar mais alto se revelará falsa, e o esforço para obtê-la, infrutífero e danoso!