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O tratamento psicanalítico ficou conheci do como um processo demorado, que pode durar muitos anos, o que desestimula as pessoas a procurá-lo, principalmente numa época como a de hoje em que a pressa comanda as nossas vidas. Como entender essa demora, essa longa duração das análises, se o sujeito do in consciente se introduz a partir de uma lógica que inclui justamente a pressa? Podemos dizer que nesse final de século, o trabalho analítico já não se restringe ao trabalho de rememoração, decifração e interpretação que durante muito tempo predominou e monopolizou o tratamento, levando a análises intermináveis.
A estrutura do corte veio fazer um basta no gozo da fala, colocando um limite naquilo que poderia se estender por anos e anos, fazendo com que as análises acabassem pelo cansaço. Hoje, já não é necessário que o sujeito repita a mesma coisa infinitamente. Com parando com um ato cirúrgico, o analista, ao ouvir o ponto de repetição, já delimita seu campo de ação e impõe um corte no deslizamento infinito das associações.
HOJE, JÁ NÃO É NECESSÁRIO QUE O SUJEITO REPITA A MESMA COISA INFINITAMENTE
Ressaltamos um tempo que se caracteriza por uma operação de cifração, pela qual se contabiliza a queda ou o descolamento daquilo em que cada um se aprisionou. Por isso, a intervenção analítica porta a estrutura do corte fazendo surgir o sujeito não só como efeito da queda dos objetos nos quais ele se sustentava como da mudança de posição de cada um nas relações. Termino citando o poeta e escritor argentino Jorge Luis Borges que soube dizer tão bem; “Qualquer destino, por longo e com plicado que seja, consta da realidade de um único momento: o momento em que o homem sabe para sempre quem é.”
