Economia

Tempos bicudos

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Imagem de Steve Buissinne por Pixabay

 

          Diante da alternância de humor da economia brasileira, qualquer pessoa, independentemente de seu grau de informação, sente-se confusa e sem esperança de mudar o rumo dessa história. Mesmo com o seu passado recente de descrédito, o presidente Lula quer se impor via controle sindical e com a simpatia da mídia que odeia o seu antecessor e dos círculos universitários e artísticos.

          O presidente surfa em uma situação amparada em contradições desde o dia 8 de janeiro. Sem concorrente político com o impedimento de Bolsonaro, ele coloca toda sua artilharia com foco no assistencialismo, outrora criticado pelos próprios expoentes do PT. Nada obstante os avanços conquistados com o arcabouço fiscal – que deixou feridas abertas e de difícil cicatrização no PT-, já se prenunciam metamorfoses em seu escopo. A ideia de implementação desse arcabouço desdenha das próprias e malsucedidas experiências diante de receituários antiquados que as embasaram nos anos em que o PT dirigiu o país. O governo atual sente-se muito confortável com a interpretação teleológica que o STF vem implementando em sentenças que, de alguma forma, o beneficiam em seus propósitos.

         Em seu surto populista, Lula está a propor que o ajuste fiscal não seja feito via gastos. A única alternativa que nos sobra seria a perspectiva de viabilizá-lo com uma arrecadação superdimensionada. Se isso persistir, tal como desenhado, em pouco tempo a Receita Federal vai bater em sua porta para arrancar, via impostos, o suado dinheirinho conquistado à custa de seu trabalho.

          O ministro da Justiça, Flávio Dino, considerado a face mais caricata da censura governamental, cuida de calar as vozes dissonantes. Esse comportamento, alimentado por um ego inflado, adota um julgamento sumário do opositor a ponto de desqualificá-lo e de abortar o contraponto da dúvida. O fato é que não podemos ignorar que o mundo está em chamas, até mesmo, literalmente.

          O Brasil não é uma ilha da fantasia em que se pode ignorar o que acontece fora de suas fronteiras. Ainda bem que temos um Banco Central forte e independente. Todo cuidado será pouco, caso queiramos aproveitar a oportunidade de ouro para colocar a nossa economia nos trilhos, em busca de um futuro melhor. Afinal, cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém. Mas há quem não goste de uma e de outro.

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