Cultura

Tudo é transformado em inspiração

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Cris Carneiro

Foto:Divulgação

 

Com primeira exposição individual em cartaz no Museu Inimá de Paula, artista fala sobre a redescoberta da pintura

Como traduzir a arte? Emoções, formas e cores se misturam a emoções, vivências, realidade e fantasia. É tudo junto e misturado, localizado entre o pensamento e a forma em que se traduz essa criatividade, em várias formas, cores ou na falta absoluta delas. A artista plástica Cris Carneiro, que dedicou parte de sua vida à comunicação através de diferentes veículos, hoje passeia com suas pinceladas em acrílico na tela, em explosões de criatividade e poesia, dando cores às suas emoções, como afirmam os que conhecem o seu trabalho. Com uma exposição individual Pintura como Linguagem, no Museu Inimá de Paula, Cris Carneiro se traduz em emoção e sentimentos.

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QUEM É A ARTISTA CRIS CARNEIRO?

Eu tenho duas formações: de designer de ambientes e de jornalismo. Quando eu estava na faculdade de design de ambientes, eu comecei a pintar, comecei a fazer cursos de pintura, buscando desenvolver a técnica de me expressar através da tela e das cores, que é uma coisa que eu sempre gostei. Depois que eu saí da faculdade, eu deixei esse hobby bem guardado e me dediquei ao jornalismo, outra paixão minha. Me envolvi muito com o jornalismo, com a comunicação, inclusive com fotografias, fiz Fanart, e outras atividades e cursos, buscando sempre me aperfeiçoar.

A comunicação sempre esteve muito presente em mim nas mais diversas formas. Eu, na comunicação, trabalhei em todos os meios possíveis, em revistas, rádio, jornais, televi são e sites. Posso dizer que já estive na comunicação de todas as formas. Sempre foi uma coisa muito forte em mim, essa questão da comunicação, de me expressar, e eu sempre busquei fazer isto da melhor forma possível. A pintura também sempre foi uma coisa muito forte na minha vida e nesse processo, nessa transição, eu descobri que a pintura é uma forma de comunicação, talvez até a mais sublime de todas. Quando, há uns 4 anos mais ou menos, eu estive em Roma, aconteceu uma coisa.

Essa viagem me despertou para essa vontade de me dedicar de novo à pintura, este desejo de voltar a me expressar pela pintura, pelas cores. Este sentimento ficou em mim e assim que voltei dessa viagem, assim que eu retornei para o Brasil, eu resolvi me dedicar integralmente a pintar e de lá para cá nunca mais parei. Eu estou constantemente em produção. A pintura deixou de ser um hobby. A partir desse processo de produção das pinturas, comecei a comercializá-las.

A dividir com o público minhas emoções colocadas nas telas. Eu fiz essa exposição agora, que foi muito especial para mim. Foi a minha primeira exposição individual. Na verdade, eu já tinha feito uma apresentação das minhas telas, mas só de um dia, em um leilão. Agora essa é a primeira grande exposição que eu faço num lugar que é muito bonito, muito bem-conceituado, inclusive no meio artístico. Estou muito feliz com essa exposição, com esse novo momento na minha carreira de artista. A exposição está aberta ao público até o dia 27 de setembro.

É POSSÍVEL SOBREVIVER DE ARTE NO BRASIL?

É possível. Mas como em diversas áreas, assim como no jornalismo, assim como na decoração, assim como no direito, na medicina, depende. Eu acho que sobreviver da arte implica um conjunto de fatores. Não depende só de competência, não depende só de sorte. É um conjunto de fatores, repito. Mas é possível sim viver de arte no Brasil.

E COMO VOCÊ DEFINE A SUA ARTE?

A minha arte é abstrata. Eu tento expressar meus sentimentos, é meu momento de vida através da arte abstrata e acrílica sobre tela. Nas telas coloco o meu sentimento, minhas emoções.

NO MUNDO VIRTUAL DE HOJE, A SUA ARTE SE ENQUADRA A UMA TELA DO COMPUTADOR?

Eu não acho que a minha tela tenha a ver com computador. Muito pelo contrário, é um trabalho individual, é um trabalho único. Nunca uma tela vai se repetir, nunca vai ter outra igual. Cada tela representa o momento de quem está pintando. Não tem nenhuma tecnologia, não tem nada computadorizado. É um trabalho manual, é um trabalho único, que vem de Inspirações diversas, principalmente inspirações relacionadas aos sentimentos.

E esse trabalho, essa tela, essa pintura, ela é uma forma de comunicação que é tocada de diferentes formas em cada um de nós. Eu acho que na vida cada um de nós enxerga, é tocado e sente alguma coisa de forma diferente. Tem a ver com o que cada um tem dentro de si, com o que cada um sente de acordo com a sua essência, seu interior, sua experiência de vida.

E O QUE TE TOCA? O QUE TE INSPIRA?

São os sentimentos, fases da minha vida, olhares sobre determinadas coisas, situações, tudo são inspirações. Tudo é transformado em inspiração.

VIAJAR AJUDA A DESENVOLVER UMA MENTE MAIS PERCEPTIVA, MAIS INSPIRA DORA E CRIATIVA, UMA VISÃO DIFERENTE PARA AS CORES, FORMAS E OUTRAS PERCEPÇÕES?

Viajar é sempre bom porque a gente sai da rotina, sai do habitual e enxerga coisas diferentes. Então é essa coisa do olhar diferente, de ver, de sair da mesmice, enxergar coisas que a gente não está habituado a ver. Isso é sempre muito bom, principalmente o contato com a arte, com museus, com galerias. Isso é sempre importante e isso é sempre relevante.

Nessa viagem especificamente de Roma, eu estava em contato com a arte o tempo inteiro. A gente respira arte em Roma e esse contato com a arte, com o mundo da arte, é para mim muito atraente e me traz felicidade, me traz alegria. Realmente, por isso me deu essa vontade de voltar a pintar, de voltar a estar mais em contato com o mundo das artes. As viagens em geral são boas por isso, porque apresentam o mundo de formas diferentes, sentimentos diferentes também.

NÓS SAÍMOS DE UM PERÍODO BEM OBSCURO, QUE FOI A PANDEMIA. DEPOIS DA PANDEMIA, VIVEMOS UM MOMENTO PO LÍTICO TAMBÉM MUITO DELICADO. ESSAS QUESTÕES TAMBÉM TE ENVOLVEM?

Envolvem sim. Tanto que na época da pandemia, eu comecei a falar muito sobre política, porque tudo o que estava acontecendo estava me tocando muito e, com certeza, a gente não pode ser alienado às coisas, ao que está acontecendo no mundo, com as pessoas, com a natureza. Isso tudo realmente me toca e traz vários tipos de sentimentos.

ESSA É UMA FASE MAIS TRANQUILA?

Essa é uma fase mais introspectiva. Eu acho que são fases, depende de momento. Tem momentos que eu sou mais introspectiva, que eu gosto de me resguardar, gosto de observar. E tem momentos que eu sou mais extrovertida. É talvez nos momentos de inspiração que estou mais introspectiva. Eu fico só absorvendo. Nos momentos em que eu estou pintando, eu sou mais extrovertida. Estou colocando para fora meus sentimentos, minhas inspirações, estou colocando tudo para fora. Esse momento especialmente, é um momento de vida muito feliz para mim. É, eu estou super-realizada, fazendo o que eu gosto de fazer. Estou feliz na minha atividade, muito feliz na minha vida pessoal também. E só sou grata por tudo que me acontece.

E A CRIS CARNEIRO EM CASA?

Sou casada, tenho duas filhas. Estou em uma idade que inspira, que a gente tem sabedoria, tem maturidade, consegue lidar com tudo de uma forma muito melhor.

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