Comportamento

BÁRBAROS

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A demonização dos direitos humanos não é exclusividade do Brasil. É feita em todos os sistemas ditatoriais do mundo e em muitas democracias também. O exemplo clássico é o combate ao terrorismo. Diante de atos de extrema violência a opinião pública irá se voltar rapidamente contra a ideia de que tais indivíduos possam de alguma forma ser protegidos. O segundo é o descontrole da criminalidade. E, no entanto, é quando se fazem mais necessários.

Primeiramente cabe lembrar que o aparelho estatal de repressão à violência (em qualquer país) não é perfeito, longe disto, e uma vez que o cidadão é acusado, na prática já foi condenado perante a opinião pública. Dois exemplos clássicos: o Crime do Bar Bodega e os Cinco do Central Park (este último um seriado de sucesso). Em ambos a pressão da opinião pública levou a polícia a procurar resultados rapidamente. E ela o fez, com a prisão dos suspeitos usuais. Em ambos os policiais usaram de violência, em ambos os acusados confessaram, em ambos eram completamente inocentes. Exemplos semelhantes existem aos milhares, basta procurar. Não fosse a atuação de defensores de direitos humanos estariam todos eles até hoje na cadeia. Segue a clássica pergunta: é assim que você gostaria que seu filho fosse tratado? A resposta parece óbvia e no entanto…

SEGUE A CLÁSSICA PERGUNTA: É ASSIM QUE VOCÊ GOSTARIA QUE SEU FILHO FOSSE TRATADO?

Mas que fique claro. O erro não vem apenas dos que querem ignorar a violência estatal. O excesso também existe no outro lado. A recente declaração do agora ministro Guilherme Boulos, pedindo um minuto de silêncio pelos mortos na megaoperação contra o Comando Vermelho, foi de uma estultice assombrosa. Ainda que tenha citado explicitamente os policiais, Boulos tinha a obrigação de saber como isto seria interpretado, especialmente diante das muitas provas de extrema violência da parte dos traficantes, como aliás é a praxe.

A demonização da polícia é o outro lado deste triste debate. O fato é que direitos humanos são, em primeiro lugar, a única defesa do indivíduo (inclusive policiais) contra o poder do estado. Mas, verdade, são também a defesa dos direitos mínimos que cabem mesmo aos culpados. Afinal, não somos, ou não deveríamos almejar ser, bárbaros selvagens. Como escreveu Fiódor Dostoiévscki “O grau de civilização de uma sociedade pode ser medido pela maneira como trata seus prisioneiros”.

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