Abertura da plenária
Reflexos na economia mineira pontuaram palestras no evento anual, entre outros temas como Reforma Tributária, defesa da indústria e avanços ambientais
A plenária do Conexão Empresarial Anual 2025, no Vila Galé Collection, em Ouro Preto, reuniu os principais líderes empresariais e políticos de Minas. Em pauta, a situação política e econômica de Minas Gerais, principalmente após a decisão do presidente dos Estados Uni dos, Donald Trump, de taxar em 50% todos os produtos brasileiros. Antes mesmo das palestras, o vice-governador Mateus Simões (Novo) se posicionava a favor de uma negociação diplomática, sem o viés político, para que seja encontrada uma saída para a crise, que afeta fortemente as indústrias mineiras.
Mateus prevê mais dificuldades pela frente devido a outras questões no país, como os juros de dois dígitos. Para ele, 2026 será um ano muito difícil, bem mais do que está sendo 2025. Mateus Simões, que vai disputar o governo de Minas em 2026, trabalha para formar uma grande aliança, inclusive com o PSD, de Gilberto Kassab, convencido de que o partido não terá candidato em Minas. Para ele, quem vencer a eleição em 2026 receberá o estado bem melhor do que quando o governador Romeu Zema assumiu.
A casa está em ordem, o estado é um dos que registra o maior número de empregos com carteira assinada e os investimentos em Minas aumentaram bem acima da média dos governos anteriores. Na abertura do evento, o prefeito de Ouro Preto, Ângelo Oswaldo, falou da importância do Hotel Vila Galé Collection para a história da cidade e de um evento como o Conexão Empresarial para trazer esse debate sobre o Brasil a uma cidade da importância histórica para o país, como Ouro Preto.
DEBATE POLÍTICO E DE SAÚDE
Longe da coordenação política do governo, mas atento ao que acontece no Palácio do Planalto, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, fez uma defesa do trabalho desenvolvido pelo governo federal para abrir novos mercados para os empresários brasileiros. A declaração foi em resposta a críticas à condução do presidente Lula na crise com os Estados Unidos. Segundo Padilha, foram 312 novos mercados abertos só no agronegócio. “O café sempre teve, ao longo da nossa história, como principal mercado Estados Unidos.
Europa continua tendo uma importância. Mas quem produz café sabe que o bom café também chega à China. Em um ano e meio, aumentou 10 vezes a venda do café brasileiro e o mercado chinês só vai ampliar”, afirmou. O governo Lula, segundo ele, reconstruiu o Itamaraty e nenhum país consegue sobreviver dependendo de um só país. “A diversificação é fundamental”, recomendou. Padilha, que foi ministro das Relações Institucionais do governo antes de assumir o Ministério da Saúde, afirmou que o Brasil tem conseguidos grandes oportunidades para “continuar a abrir os novos mercados, manter aqueles que nós temos”.
Em relação à área de saúde, o ministro disse que nenhum país do mundo, que tem mais de 100 milhões de habitantes, tem um sistema nacional público universal como o do Brasil. Além do atendimento à população, ele ressalta a produção de insulina em Minas Gerais, como “um avanço para o país”, em um investimento do ex-ministro Walfrido dos Mares Guia e outros empreendedores, inclusive da Índia.
Nos últimos dias, a fábrica da Biomm, empresa de biotecnologia, liberou o primeiro lote da insulina produzida pela empresa para abastecer o mercado brasileiro e que será incorporado ao SUS. A ideia é a de que o Brasil produza mais medicamentos da vanguarda tecnológica. Isso, segundo Padilha, puxa o resto da cadeia de produção de medicamentos associado ao processo de produção.
INOVAÇÃO NO SETOR PRODUTIVO
As discussões sobre a economia brasileira continuaram no painel de economia Inovação no setor produtivo, que teve a participação dos presidentes da Fiemg, Flávio Roscoe, e da Fecomércio, Nadim Donato e mediação da jornalista Helenice Laguardia. Os dois ressaltaram a difícil situação no país devido às tarifas impostas pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros. Mesmo com o cenário difícil, Flávio Roscoe falou do trabalho que tem sido realizado pelas entidades para avançar em ternos de inovação e da importância do Sistema S nesse processo. Nadim Donato também ressaltou a parceria entre a Fecomércio, Fiemg e Faemg. Desde o início do governo de Romeu Zema, eles se reúnem regularmente com o governador para discutir problemas desses setores e isso tem ajudado a eliminar alguns gargalos no setor produtivo.
Algumas ações também tiveram repercussão nacional, como a taxação de em presas de comércio na internet, que não eram tributadas. Um trabalho junto às entidades nacionais reverberou no Congresso Nacional e hoje essas empresas são tributadas em 20%. Não é o suficiente, segundo Nadim Donato, mas ajudou muito.
NOVA LIMA E O FUTURO
Uma das lideranças políticas que tem despontado em Minas Gerais, o prefeito de Nova Lima, João Marcelo Dieguez, contou um pouco da sua trajetória e os impactos de uma má ad ministração na vida das pessoas. Após uma ação rigorosa, Nova Lima é considerada atual mente uma das melhores cidades para se viver no Brasil em praticamente todos os rankings que medem a qualidade de vida dos cidadãos. Mas, para chegar até esse patamar, João Mar celo percorreu um longo caminho.
Ele começou a atuar no município como vice-prefeito e de pois, eleito prefeito, assumiu após uma administração traumática na cidade. Dieguez fez uma reforma na administração do município, cortou benefícios dos setores públicos, es tampou esse descontrole de gastos e teve que tomar algumas decisões difíceis, como a de interromper a carreira dos servidores públicos do município, o que gerou muita frustração.
Segundo ele “foi um momento muito duro para a administração”. Hoje, no entanto, a cidade evolui na educação, na saúde, no desenvolvimento e na qualidade de vida das pessoas. A cidade tem uma boa arrecadação, tem a maior renda per capita do estado. “Dentre os mais de cinco mil municípios brasileiros, Nova Lima hoje é sétimo lugar em sustentabilidade fiscal. Esse é o verdadeiro troféu da nossa administração”, concluiu.
COMPETÊNCIA NÃO DEPENDE DE GÊNERO
Outro tema que ganhou destaque foi o da participação das mulheres no governo. Este foi o tema do painel que teve a participação da presidente da Codemge, Luísa Barreto, e da secretária de Desenvolvimento Econômico, Mila Costa e mediação da secretária-adjunta de Comunicação do governo de Minas, Bárbara Botega. A competência e a formação das duas foram pontos levados em consideração para não só buscar esse conhecimento para melhorar a performance da administração estadual, como para avançar em programas adotados pelo governo de Minas.
Mila Costa lembrou que seu currículo foi analisado pelo governo e ela foi selecionada para atuar na Agência Metropolitana. Logo depois, assumiu postos com mais responsabilidade no governo até chegar à Secretaria de Infraestrutura. Para ela, a competência não tem a ver com gênero e daqui a algum tempo “não vamos mais precisar falar disso”. Luísa Barreto observa que a atual administração estadual sempre premiou a competência e em nenhum momento levantou essa pauta de mulheres no governo porque as oportunidades, segundo ela, são iguais.
Ela, que já comandou a Secretaria de Planejamento, ocupa atualmente a presidência da Codemge, empresa que, em 70 anos, teve apenas duas mulheres presidentes. A Emater – estatal que ela também comandou – em quase 80 anos de existência, teve ela como a primeira mulher a assumir a presidência. Para Luísa, fica claro que para as mulheres é mais difícil chegar nos lugares e por isso ressalta que “ninguém fala isso no governo, por que tem mais mulheres nesse governo no dos que defendem essa pauta. O governo acredita na competência e por isso temos mais espaço”.
Matéria continua na próxima postagem…
