Política

Ser político contemporâneo

congresso nacional em brasilia

Ser político no Brasil, contemporâneo de seu tempo, é, antes de tudo, uma opção de coragem cívica. Em meio a um cenário de profunda desigualdade, desconfiança nas instituições e polarização ideológica, o desafio de representar e governar exige mais do que ambição eleitoral. Exige caráter, preparo técnico, resiliência democrática e capacidade de diálogo constante com uma sociedade cada vez mais fragmentada e exigente.

Em tempos de redes sociais, fakenews e narrativas manipuladas, a política perdeu espaço para a espetacularização e a simplificação. Discursos inflamados substituem propostas consistentes, e promessas irrealizáveis tomam o lugar da seriedade. O político comprometido com a verdade caiu no descrédito. Todavia, não pode ceder à mentira e ao populismo. Cabe-lhe valorizar o debate público qualificado, e apostar na força dos argumentos, e não nos algoritmos.

A ética, pilar fundamental da vida pública, transformou-se, paradoxalmente, em exceção — e não mais em regra. Em um país onde escândalos de corrupção foram banalizados, o político moderno precisa praticar a transparência, prestar contas e reforçar os mecanismos institucionais de controle, cultuando um ambiente público voltado ao interesse coletivo, à responsabilidade e à prestação de contas.

O POLÍTICO VERDADEIRO É AQUELE QUE RESISTE AO APELO DO IMEDIATISMO

Ao lado disso, destaca-se ter a habilidade da articulação política. Em regimes democráticos, ninguém governa sozinho. É preciso negociar com o Congresso, com governos locais, com setores da sociedade civil e com a iniciativa privada. A liderança moderna deve, portanto, saber construir consensos sem renunciar a princípios e sem ferir a lei.

O político verdadeiro é aquele que resiste ao apelo do imediatismo e sustenta, com firmeza, o compromisso com a democracia. Que compreende que o país não se transformará por crenças e decretos, mas por políticas públicas bem formuladas, por instituições sólidas e pela confiança restaurada entre Estado e cidadão. O verdadeiro líder é aquele que constrói pontes — e não muros — entre os diferentes Brasis que coexistem no mesmo território. Ao político moderno, cabe compreender a pluralidade não como obstáculo, mas como desafio. Isso exige mais do que uma visão nacional — exige sensibilidade às peculiaridades regionais e abertura para ouvir e aprender com a população.

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