FOTO\DIVULGAÇÃO
Temos que compreender o protagonismo do STF. As redes sociais, ao substituírem as instituições que formavam a opinião pública – os partidos políticos, ONGs, universidades, e a própria mídia, em geral -, implantou uma selvageria não mediada, o que fez com que surgisse uma contraposição. A ironia virou método: invoca–se em inglês o rule of law porque o português já não comporta o que traduz o nome da Justiça. A expressão — baliza dos regimes democráticos — virou heresia por aqui.
O tribunal que deveria conter abusos tornou-se, ele próprio, a encarnação de um poder sem freios, um Narciso embevecido com a própria toga.
Seu protagonismo atual nasceu da omissão de instituições como o Congresso e a PGR. Cresceu deformado, alimentado pela pesca probatória, pelo aplauso fácil da imprensa e por uma visibilidade histérica do espaço do televisionamento de suas sessões. O STF foi ao resgate da ordem legal, mas descambou pela busca de si mesmo, tal como hoje se apresenta.
Assumiu funções executivas e legislativas, distribuiu decisões monocráticas como se fossem indulgências papais, desfez e refez julgamentos conforme a conveniência e aboliu o espírito colegiado. Ministros como Dias Toffoli, Gilmar Mendes, Flávio Dino, Edson Fachin e Alexandre de Moraes mudaram, com suas decisões monocráticas, o rumo da política brasileira.
Ao priorizar soluções contestáveis, o Supremo virou alvo de crítica por quem acredita que aplicou um verdadeiro rug pull no conceito de Justiça. O STF transformou-se em um Leviatã de toga, regendo um país sem voto e sem voz. Alexandre de Moraes assumiu a face desse novo poder: juiz, parte, vítima e algoz. Decretou censuras, bloqueios, prisões, inquéritos secretos — às vezes, considerados por juristas renomados como fora da órbita do devido processo legal. A democracia sob sua curadoria exige submissão.
O PROTAGONISMO ATUAL DO STF NASCEU DA OMISSÃO DE INSTITUIÇÕES COMO O CONGRESSO E A PGR
Críticos, como The Economist, The New Yorker e The New York Times, enxergam com nitidez o que aqui se tenta maquiar com jargões: um Supremo enamorado do próprio brilho. Teria o STF rompido com o pacto constitucional? Seu poder é hoje político, absoluto, performático — e perigosamente incensado. Sem freios institucionais, vira slogan de campanha para o Senado. O rule of law deixou de ser premissa e se transformou em anseio de uma Nação.