Política

Governar sem política não funciona

vb ed287 janeiro 25b governar sem politica nao funciona

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Eleito primeiro secretário da mesa da Assembleia de Minas, deputado ressalta diálogo com governo e diz que candidaturas precisam de construção com vários partidos

 

Dizia uma das velhas raposas políticas mineiras, o ex-governador Magalhães Pinto, que “po lítica é como nuvem. Você olha e ela está de um jeito. Olha de novo e ela já mudou”. O cenário em Minas é nebuloso, mas nacionalmente caminha para repetir a polarização entre direita e esquerda. É o que acredita o deputado estadual por três mandatos, Gustavo Santana (PL) que conhece bem o universo político.

Filho do ex-deputado José Santana e conhecedor do jeito mineiro de entender os emaranhados da política, ele acre dita que o governador Romeu Zema tem o que mostrar, caso entre na disputa nacional, mas avisa que o Novo, o seu partido, não ganhará sozinho. Ele acredita, que assim como Lula foi eleito após passar pela prisão, o ex-presidente Jair Bolsonaro pode recuperar seus direitos políticos e disputar em 2026. A política, segundo ele, é muito dinâmica. Eleito primeiro secretário da Assembleia Legislativa de Minas, cargo que funciona como se fosse uma espécie de prefeito, ele terá muito o que negociar e conversar.

O SENHOR FOI ESCOLHIDO PRIMEIRO SECRETÁRIO DA MESA DIRETORA DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA. COMO É GERENCIAR O ORÇAMENTO DA CASA?

O primeiro secretário é quem cuida da parte administrativa. Por isso é que falam que o primei ro secretário é como se fosse o prefeito. Lógico que, sempre caminhando junto com o presidente, mas, essa parte burocrática, funcional é com o primeiro secretário.

A PARTIR DE AGORA, O PENSAMENTO É EM RELAÇÃO A 2026. PENSANDO NISSO, QUAL QUE É A MAIOR PREOCUPAÇÃO DOS DEPUTADOS?

Continuar fazendo, porque as coisas andam. Andou bem, até hoje, em termos, dentro da Casa, onde está tudo redondinho, não tem nada que não atenda a demanda dos deputados. É atender as demandas dos municípios que vão aparecendo. Tem as emendas, que não são algo tão preocupante porque hoje são impositivas, o governo é obrigado a pagar.

O GOVERNADOR ROMEU ZEMA TEVE DIFICULDADE EM DIALOGAR COM OS DEPUTA DOS, PRINCIPALMENTE NO INÍCIO DO SEU GOVERNO. COMO ESTÁ ESSA RELAÇÃO?

A relação melhorou muito em relação ao início, quando começou o mandato dele. Hoje está tendo diálogo sim. O secretário de Governo (Gustavo Valadares) é um colega nosso. Então, ele sabe como que é a coisa tem que andar, como funciona. O vice-governador tem ouvido os deputados, o go vernador também tem. Então hoje está tendo o diálogo, está tendo construção junto com os lí deres dos blocos, junto com o líder de governo, junto com o secretário de Governo, fazendo com que todas as pautas andem de forma harmônica. Mas, lógico, pauta que for boa para o estado.

A pauta que for boa só para o interesse do governo, que não for boa para o estado, aí, com certeza, a Assembleia é independente. O meu partido, o PL, é da base do governo. Hoje eu sou o líder do bloco Avança Minas, ainda sou o líder porque a minha posse como primeiro secretário será no dia 3 de fevereiro. Nosso bloco tem 27 deputados e temos, inclusive, uma secretária de Estado. O PL está no governo com Alê Portela, ou seja, está inserido dentro do governo. Os problemas foram equacionados, todas as pautas estão andando direitinho. Os problemas ficaram para trás. Logo no início, o governo só queria aprovar os projetos, mas não queria ouvir o Parlamento. Na época, o presidente era o Agostinho Patrus, que foi um excelente presidente para a Casa, que acabou por ensinar ao governo o caminho das pedras para se ter o diálogo. Quando falo o governo, não estou me referindo ao governador, mas a todo o governo.

O GOVERNADOR ROMEU ZEMA ENTROU COM UM DISCURSO COMO UM EMPRESÁRIO ANTIPOLÍTICO. TEM COMO FAZER POLÍTICA ASSIM?

Como um antipolítico vai ser candidato? Para mim não tem como isso acontecer. Governar sem política não funciona. E o que eu falo é que a política não é só para os políticos. Em qualquer área tem a ação política. Um empresário tem que ser político, o dentista tem que ser político. Não adianta falar que “eu odeio políticos e odeio política”. Se a pessoa odeia a política não tem como ser governador e nem ter diálogo com os políticos.

ELE APRENDEU A FAZER POLÍTICA?

Ele aprendeu a ser político. O governador tem o jeito dele, de escutar e falar. Primeiro ele escuta as demandas, as prioridades de cada município. Minas Gerais é muito grande, então cada região é uma região diferente, cada necessidade é uma necessidade. Então, o governador sempre fala um pouco na abertura do evento, coloca um por um para poder falar, anota a demanda e vai, no final, fazer as conclusões e tem dado certo. Tudo o que ele tem notado nessas conversas, o governador tem cobrado da sua equipe.

VIMOS NO ANO PASSADO UMA DOBRADINHA ENTRE OS DEPUTADOS ESTADUAIS E O CONGRESSO NACIONAL, COM O PROJETO DA RENEGOCIAÇÃO DAS DÍVIDAS DOS ESTADOS. ESSE TIPO DE DOBRADINHA PODE SER FEITA COM OUTROS PROJETOS?

Eu acho que o deputado tem que ter responsabilidade. Quando a gente foi a Brasília foi iniciativa do nosso presidente da Assembleia Legislativa. O presidente foi junto com os seus líderes como eu, João Magalhães, o Cássio, Carlos Henrique, o Jean Freire. Fomos procurar o presidente do Senado para nos ajudar na construção de um acordo com o governo federal porque, até então, o governo do Estado não tinha procurado fazer o acordo. Independentemente de sigla partidária, de quem esteja no governo do estado, de quem esteja no governo federal, a gente tem que ter responsabilidade Minas Gerais.

O Rodrigo Pacheco nos ajudou muito para abrir essa discussão com o governo federal. Essa é uma dívida que não é do Brasil, é de Minas Gerais. É de estado por estado. Então tem que questionar, tem que ter diálogo, tem que fazer política para poder ter o resultado. Então, se tiver outros projetos que necessitem desse diálogo junto ao governo federal, ou com outros poderes, eu tenho certeza de que a Assembleia não deixará de fazer.

O GOVERNADOR ROMEU ZEMA TEM PRE TENSÕES DE ENTRAR NA DISPUTA NACIONAL. O SENHOR ACHA QUE ELE TEM O QUE APRESENTAR EM MINAS PARA O BRASIL?

Em termos de gestão, sim. Ele tem muito resultado bom, resultados de entrega e é uma pessoa muito séria. Só que, para se candidatar em nível nacional, tem que ser uma construção. Não adianta o partido Novo querer sozinho – este é o estilo do Novo -, disputar a eleição de presidente porque não tem a mínima condição. É preciso a construção com vários partidos. Que o governador tem apresentação, isso ele tem. Agora, para chegar lá, tem que fazer política e conversar com vários partidos.

TEM UM MOVIMENTO DOS GOVERNADORES DO SUL E SUDESTE PARA A DISPUTA DE 2026. PODE SER UM CAMINHO?

Tem esse movimento que é um pré-acordo entre o Zema, Caiado, Ratinho Jr, Tarcísio de Freitas em que eles acertaram que não vão dividir. Eles estarão unidos em prol da disputa contra o go verno federal. No momento correto, cada um faz sua pré-campanha e, por meio de pesquisas, eles terão tudo para analisar qual será o caminho.

VEMOS O MOVIMENTO DOS GOVERNADORES DO SUL E SUDESTE E OUTRO DO NOR DESTE. O BRASIL ESTÁ DIVIDIDO?

Eu acredito que não é divisão, é porque tem gente no Nordeste que também não quer o gover no Lula. Isso começou a ser plantado porque são governadores que estão em exercício e, se saírem quatro governadores candidatos, eles vão tirar o voto do centro e da direita, tiram os votos do Sul e do Sudeste. Tem que ter a unificação.

VIMOS A POLARIZAÇÃO NOS ÚLTIMOS DOIS ÚLTIMOS PLEITOS. EM 2026 PODE SER DIFERENTE?

Eu acredito que essa eleição ainda será polariza da. Direita e esquerda. Isso hoje, porque política é muito dinâmica. Daqui há seis meses o quadro pode mudar.

A DIREITA TEM NOME PARA ENFRENTAR O PRESIDENTE LULA?

Temos um desses nomes dos governadores. O próprio Bolsonaro pode ser absolvido para ser candi dato. Muita água ainda vai rolar. Mas vai continuar polarizado. Vão falar que o Bolsonaro está proibido, perdeu os seus direitos políticos? O Lula estava preso é o presidente da República.

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